segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Uma carta para o Arauto do Caos: A compra da Mojang pela Microsoft

Oi filho.

Isso aqui é uma carta aberta. Quer dizer que eu estou escrevendo para você, mas também estou escrevendo para postar no meu blog e explicar para outras pessoas aquilo que eu penso sobre isso. Sei que você passou a tarde jogando, e não vendo seus canais do YouTube e as notícias de games, e quero estar pronta para responder suas perguntas quando elas chegarem. Quando você ler que a Microsoft comprou a Mojang por mais de 2 bilhões de dólares. Por isso eu escrevo.

Minecraft entrou na nossa vida uns três anos atrás, né. O que eu me lembro mais é de perguntar o que você queria ganhar no Dia das Crianças, e você responder: uma licença do Minecraft. Lembro de você me explicar sobre a importância de ter o jogo oficial e não uma cópia pirata porque a Mojang era um pequena empresa na Suécia e não uma das gigantes dos games, e que por isso a coisa certa a fazer era pagar pelo jogo.

Eu me senti muito orgulhosa de você naquele dia. Porque mesmo a maioria dos adultos não tem muito claro na mente a diferença entre uma empresa gigante e as pequenas produtoras de games. Mas você compartilha meu amor por games indies, e entende que existe um universo enorme de formas diferentes de se fazer e jogar games. E por causa disso, eu quis jogar Minecraft. E me apaixonei pelo jogo, assim como você.

E agora, essa empresa que te fez descobrir esse mundo foi vendida para uma das "majors", uma das grandes companhias não só de jogos, mas os caras que fazem o Windows e tudo isso. E você já deve ter percebido que para a maioria das pessoas, falar Microsoft significa falar "os caras maus".

Particularmente, a mamãe não vê as coisas tão preto e branco. Na verdade, a mamãe tem mais contra a Apple hoje em dia do que contra a Microsoft, por muitos motivos que não vem ao caso. Todas as grandes empresas tem atitudes complicadas, e nem sempre fazem as melhores escolhas para os usuários. Acima de tudo, empresas são feitas por pessoas: elas tem como objetivo conseguir lucro, ganhar dinheiro, e existem muitos jeitos de fazer isso. Algumas pessoas são mais éticas. Outras, fazem coisas questionáveis, erradas, algumas até fazem coisas ilegais - ou pelo menos imorais. Sabe quando você reclama sobre as propagandas, sobre como propagandas te incomodam? As empresas usam as propagandas para vender ideias, conceitos, sentimentos, que associam aos produtos. Quando fazem a propaganda de um brinquedo, não estão vendendo só o brinquedo. Estão vendendo a ideia de "diversão", de "poder", de "alegria". Quando fazem a propaganda de um computador ou console, celular ou tablet, estão vendendo a ideia de que "olha, pessoas com a personalidade mais legal são as que compram esse produto" - e você sabe que isso não é verdade.

O que a Microsoft está comprando não é só a Mojang: é a influência da Mojang sobre milhares de crianças que como você, mergulharam no mundo dos games a partir da experiência com Minecraft. Eles querem poder influenciar vocês, os jogos que vão pedir para comprar enquanto ainda dependem dos pais para comprar jogos, e mais para frente, quando tiver seu próprio dinheiro e comprar seus próprios jogos, influenciar também o que vocês vão comprar. Sim, eles também querem comprar a opinião dos adultos que jogam Minecraft. Mas para as empresas, comprar a opinião de um adulto é mais difícil. As crianças e os adolescentes ainda estão conhecendo o mundo, mudam de opinião mais fácil - a gente já conversou sobre isso, sobre o impacto das propagandas. Foi assim que a mamãe começou a fumar, por exemplo. Foi assim que por muito tempo a mamãe achava que de todos os gibis do mundo, só os da Marvel eram legais. Porque eu era adolescente e todas aquelas propagandas me influenciaram. Óbvio que crianças e adolescente tem opinião: as propagandas me diziam que video-game e quadrinhos e espadas eram coisas só de menino, e eu nunca aceitei isso, eu sempre soube que isso era mentira. Assim como você fica irritado com as propagandas. Mas muita coisa ainda gruda na nossa cabeça, até sem a gente perceber, e é isso que eles querem comprar.

Só que existe uma coisa que nenhuma empresa vai poder comprar: a sua história pessoal com Minecraft. O significado que o jogo tem para você e só para você, como pessoa única que é. A Microsoft pode ser dona da Mojang, mas não pode ser dona do que você aprendeu com Minecraft: não só os conhecimentos (que são muitos), mas a forma de pensar que você aprendeu.

Sua lista de jogos no Steam ainda vai ter mais jogos de pequenos desenvolvedores do que de grandes empresas, assim como a minha. Você entendeu que existem muitas formas de esperiência com os games: no computador, no nintendo, no playstation, no x-box, nos portáteis ou no tablet, e que elas são formas diferentes, nem melhores, nem piores.

Você vai continuar achando a jogabilidade, a diversão e a história de um jogo mais importantes do que os gráficos. Vai continuar usando os jogos para exercitar sua imaginação, buscando jogos onde customização tenha espaço, onde possa criar suas próprias fases, onde existam mods divertidos. Vai continuar buscando jogos sand-box.  

Claro que essa é uma mudança um pouco assustadora: não dá para saber o que uma empresa grande vai fazer com o jogo que a gente ama tanto. Mas eu tenho um palpite: pelo menos por enquanto, não vai mudar nada, exatamente porque eles querem conquistar os jogadores, querem que eles gostem e confiem na Microsoft, e não é mudando tudo do dia para a noite que vão conseguir. Depois, mudanças virão, talvez.

Mas lembra quando você começou a estudar sobre Street Fighter? Lembra de como Street Fighter mudou com o passar do tempo? Não só o visual, ou a jogabilidade, mas como novas coisas foram sendo criadas, como as histórias foram se expandindo, como o mundo do jogo foi ficando maior?

O Minecraft que a gente joga hoje não é o que a gente jogava três anos atrás. Não estamos discutindo apaixonadamente tudo de novo da atualização 1.8? Reaprendendo certas coisas, aproveitando as novidades? Ainda não reaprendi a lidar com o novo jeito dos mapas e acho melhor o jeito antigo. Mas ao mesmo tempo, tem muitas coisas legais. A gente sempre vai ter versões diferentes de jogos, algumas vezes vamos gostar, outras não. Mas é assim que as coisas acontecem. Jogos vivem em constante evolução. Quando você for mais velho e puder jogar Shadowrun, eu vou te mostrar isso direitinho, porque ele é um ótimo exemplo. 

E é importante lembrar outra coisa: o Notch não vendeu a Mojang só por causa do dinheiro. Minecraft ficou muito grande. Muita gente joga. Você se lembra de todas as nossas conversas sobre porque você não pode jogar jogos multiplayer online? Porque a gente não tem como saber quem são as pessoas ali, e nem todas as pessoas são legais? Nem todo jogador de Minecraft é como você, que admira o Notch e os outros criadores do jogo e entende que eles são pessoas e tem a vida deles. Algumas pessoas esquecem disso, e falam coisas duras e ruins. Coisas que incomodam e machucam. E isso tem deixado o Notch muito chateado. Ele quer fazer outras coisas, coisas menores, diferentes. É chato ficar fazendo a mesma coisa para sempre: Minecraft é legal, mas você não ia querer jogar só ele, e nunca mais nenhum outro jogo, né?

A mesma coisa é para os fundadores da Mojang. Eles querem fazer outras coisas, experimentar coisas diferentes, sem ter a internet inteira cuidando da vida deles, falando coisas inconvenientes. Por esse lado, vai ser muito bom ter esses caras de novo programando jogos que eles estão com vontade de fazer, sem ter que se preocupar com Minecraft, que tem outras pessoas cuidando dele. E em uma empresa pequena, como você já percebeu, é que surgem as coisas mais inovadoras e as ideias mais malucas, e com o tamanho que o Minecraft tomou, estava cada vez mais difícil para eles se dedicarem a criar coisas novas e diferentes. Para eles, é melhor deixar essa fase da vida para lá, e começar coisas novas, e a gente também precisa ter essa empatia: o que é melhor para eles, que criaram o jogo, mesmo que não seja o melhor para quem joga, precisa estar na nossa mente.


Então, é isso. É assustador? Com certeza. As empresas grandes fazem coisas ruins e questionáveis? Fazem, sim, mas também fazem Little Big Planet, que você adora. Então, não precisa ficar chateado com isso. Talvez alguns dos youtubbers que você gosta não gostem dessas mudanças. Mas você também já ouviu a mãmae e o papai terem opiniões diferentes sobre um mesmo jogo ou console, não viu? Quando a DC lançou os Novos 52 e mudou todo o universo dos quadrinhos dela, a mamãe ficou bem brava, e todo mundo me ouviu reclamar. Mas algumas histórias me surpreenderam por serem bem legais e hoje em dia os desenhos animados de heróis que mais gosto são da DC. O pessoal que você assiste e lê também vão passar pela mesma coisa. E ao mesmo tempo, do mesmo jeito que a gente não precisa se deixar influenciar pelas propagandas, não precisamos concordar com tudo que lemos e assistimos só porque gostamos de outras coisas que essas pessoas gravaram ou escreveram. As vezes, uma pessoa pode dizer algo muito legal em um dia, e ser um completo babaca em outro. E ok, a gente vai encontrar sempre novas pessoas para ler e assistir e eu tenho certeza que logo você também vai estar postando sua opinião por ai.



Acima de tudo, vou estar aqui para te explicar o que for preciso. E sempre, sempre, nossa história é só nossa, e nenhuma empresa, grande ou pequena, vai ser dona daquilo que sentimos e fazemos com o que experimentamos nos jogos. Isso você pode ter certeza: a sua experiência com um jogo, com um livro ou uma história em quadrinho, ou com um filme, ou desenho, é só sua e ninguém jamais vai tirar isso de você.


Um beijo, com amor,


Mamãe.


sábado, 16 de agosto de 2014

Steamcon 2014 - sábado

Steampunk é um amor meu faz um tempão. Desde que comecei a jogar Castle Falkenstein. Desde bem antes, quando eu li Júlio Verne...

Este ano está acontecendo, neste fim de semana, a segunda Steamcon. Em Paranapiacaba, a vila que já é um pedacinho de séc. XIX nos dias de hoje.

Não deu tempo de tirar um quinto das fotos que eu queria, porque estava vendo e conversando com tanta gente bacana. Mas vai um resuminho do dia... deixando claro que estavam rolando mais coisas, mas eu não consigo estar em dois lugares ao mesmo tempo. =)

Para começar, se você nunca foi para Paranapiacaba, vá. A vila é meu lugar favorito para não fazer nada: tomar um café, olhar as montanhas, andar entre as casas ferroviárias e tirar fotografia.

Chegamos cedo, enquanto os stands estavam sendo montados, as pessoas chegando. E o maravilhoso: as pessoas chegavam, e chegavam, e chegavam. O visual das pessoas em seus steamplays andando pelas ruas da vila eram um sonho.



Uma das coisas que eu gosto muito é o "faça você mesmo". As histórias de como as roupas foram criadas, ou adaptadas, os acessórios sendo criados, a busca para montar o personagem (siiim, senhoras e senhores, a maior parte das pessoas pensa em um personagem para vestir, não é só juntar peças bonitas, é preciso ter uma lógica, e isso é um exercício de criatividade).

A primeira palestra que assisti eu não tenho fotos. Foi sobre o bicentenário do Visconde de Mauá. Didática, mostrando esse empreendedor genial que era um cara steampunk na vida real.



E com uma alegria extra: fui sorteada e ganhei um exemplar de São Paulo em guerra - 1924, do Projeto de Mão em Mão (e disponível em pdf legal no link).

Depois disso, aproveitei para conversar e ver tantas pessoas queridas. André, que adora a vila, estava bagunçando na maior curtição. Conversar sobre literatura, ficção científica (afinal, steampunk é ficção científica e muita gente lá gosta de todo tipo de FC), rever amigos que moram em outros estados, almoçar (e ver as reações das pessoas para aquele bando de gente vestido como gente vinda de um passado alternativo), foi hora de uma ótima mesa redonda sobre literatura steampunk (que me deixou mais animada para terminar a reescrita do meu romance).






Depois, passei horas que nem percebi passarem conversando mais ainda sobre literatura, mitologias e RPG. Um sábado para deixar qualquer nerd satisfeito... e nem tinha acabado ainda.

No início da noite, assistimos à peça teatral Cinco semanas em um balão, da Companhia Sabre de Luz (!) de teatro. No you tube tem um teaser da peça.

E agora, um momento mãe coruja:



Você já viu um aviador mais bonito que esse? Eu nunca. Meu próprio Steamboy...



Agora, umas horinhas de descanso porque daqui a pouco voltamos para a vila, para a Steamcon e para um mundo que as vezes, sinto mais meu do que esse onde eu vivo.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Aniversário do filhote nerd - parte 1

Esse post não vai ter as fotos de decoração e bolo e como eu fiz todas as coisas para a festa do meu pequeno. Isso vai estar no post 2. Esse aqui é para falar de outra coisa, mais geral. É um outro tipo de "como fazer".

Existem muitas histórias para se contar sobre festas de aniversário aqui em casa. Muito antes das agora 9 festas do meu filho, existiram todas as minhas festas do tempo de criança. E existiu também uma conversa, uma conversa quase besta com um amigo e que ficou na memória porque foi a nossa primeira conversa "de adultos" (acho que uma das primeiras conversas de adulto que eu tive com qualquer um).


Essa conversa versava sobre a importância das festas e porque é que todo ano deveria ser comemorado. Sobre como é importante e perfeito e constrói memórias. Foi uma daquelas conversas que adolescentes tem porque depois de farejar o fim da infância, você sabe que algo está muito errado e precisa tomar providências. E naquela noite nós tomamos essa providência: festas eram importantes. Nós cresceríamos para fazer festas. Uma decisão que parece simples, mas que resume um modo de vida.

Os planos não foram como o esperado. Porque - e esse é um dos motivos para eu achar festas muito importantes- a vida sempre vai atropelar nossos planos.

O que nos leva para as minhas festas de criança. Meus pais -que foram pais bem cedo e por isso deviam ter claro essa urgência em celebrar o fato de estar vivo, só porque se esta vivo- sempre me fizeram as festas mais legais do universo. Que eram, para os padrões das festas que se vê por ai, coisas bem simples. Mas eram fantásticas por um motivo muito exato:

Meus pais levavam a sério as ideias malucas que eu tinha. 

Graças a uma combinação de restrições orçamentárias, pais crafteiros e restrições inerentes da década mesmo, minhas festas eram únicas e em grande parte, feitas por eles. As decorações prontas não eram acessíveis como hoje. Aliás, festa temática era meio novidade. E eu era uma criança que lia muito mais do que devia e queria festas de temas não muito convencionais... ou que mesmo sendo comuns, não eram coisas que você encontrava feitas. Ok, até tive uma ou outra festa com temas comprados feitos (assim como meu filho também já teve), mas a organização da coisa feita em casa sempre deu o tom. Porque era pegar a coisa comprada e transformar numa ambientação que conseguisse o efeito X.

Minha mãe tem no seu curriculo coisas como carruagens da Cinderela, mapas do Duck Tales, Ursinhos Carinhosos, unicórnios e alienígenas. Culminando no Halloween com que comemorei meus 15 anos. E acrescente nisso os aniversários dos meus primos... e infinitos desenhos dos Cavaleiros do Zodíaco que ela produziu para a gente em uma época em que não se podia simplesmente abrir o Google e imprimir um monte de desenhos legais.


Levar a sério as ideias malucas que eu tinha pode ser desdobrado em algo um tantinho mais complexo, e que é o verdadeiro foco desse texto.


Nunca subestime o efeito de um unicórnio pintado em cartolina e por as caixas de som no quintal em uma criança de 8 anos de idade.


Na verdade, eram duas cartolinas bem maiores que essas que se compra em papelaria, porque meu avô era encadernador e papel aqui em casa sempre foi uma fonte supimpa de magia. E era um unicórnio E um pégaso, e acho que tinha purpurina neles - ou pelo menos eu me lembro de eles brilharem.

Mas o que eu via, parada na escada olhando as pessoas dançando, era isso:







Sério. Porque eu não era uma adulta e meus pais tiveram essa sacação genial. Eu-não-era-adulta-e-eu-não-pensava-como-adulta.

E para uma criança, cara, aquele unicórnio poderia muito bem estar voando sobre as pessoas que dançavam. Porque para mim, ele estava. Mesmo.

E o que diabos isso tem a ver com seu blog de coisas nerds, Sarah Helena? 

Primeiro: o blog é meu, eu falo sobre o que eu quiser.

Segundo: imaginação, caras. Festas infantis são o passaporte carimbado para Nárnia. E é assim que se constrói tudo aquilo de fantástico que a gente gosta. Quando eu leio ou vejo um filme ou um seriado, e consigo me envolver ali até que o mundo externo cessa de existir, eu estou resgatando aquela menina de oito anos de idade parada na escada olhando O Baile - o verdadeiro, arquetípico Baile- ali, diretamente no meu quintal.

E qualquer cosplayer sabe beeeeeeem essa sensação, porque é isso que a gente faz: usa um gancho visual para "puxar" uma vivência inteira de alguém para o plano físico.


Não estou dizendo que você não deva investir nos detalhes em uma festa de criança. Na verdade, é o contrário: crianças percebem detalhes que os adultos não enxergam. Mas esse senso de maravilhamento que a gente consegue com as coisas que gosta, a criança experimenta com um tipo de detalhismo que não é o do mundo adulto. E é esse olhar que a gente precisa encontrar.

Então, quando eu estou pensando em uma festa (para o meu filho, para outra criança, para mim) eu penso muito nisso. Para quem eu estou fazendo a festa? É para os convidados? Para as fotografias? Ou para a pessoa que é dona da festa poder curtir um mergulho na toca do coelho e ir parar no País das Maravilhas?


E uma coisa não exclue a outra.Mas isso me dá um foco, um recorte. Um caminho por onde agir.

Eu quero que todo mundo ache bonito, porque eu quero que todo mundo consiga mergulhar junto com ele nas coisas pelas quais ele se fascina. Mas antes de mais nada, toda a construção cênica que faço é para o prazer dele, tendo em vista as coisas que ele considera importantes.

As festas que eu faço não são aquelas que vão ficar mais lindas na foto. Mas sempre são pensadas para que as crianças tenham espaços legais de curtição, que os adultos tenham um momento de resgate, e que o clima seja, no geral, de fantasia.

Então, tudo isso foi só para dizer que eu curto muito festa de criança. Que eu enxergo nelas a mesma coisa que eu vejo quando a gente vê um cosplay bem feito, quando tira uma foto sentado na cadeira de comando da Enterprise (mesmo estando no meio de um evento) ou tira uma foto com um prop muito bacana.

É uma porta para outro mundo.

E para começar o papo que continua no próximo post, um resumo do que tivemos até aqui nestes nove anos:

O primeiro ano, o único que a gente escolheu, não ele, teve como tema Totoro. Foi uma festa muito parecida com as minhas de criança, porque a gente desenhou Totoros gigantes em papel kraft e recortou e colou nas paredes. Eu ainda tinha uma visão de decoração de festa que era em duas dimensões. Foi um exercício de pesquisa, e a gente teve cartões postais do Totoro com selos com a fotografia do pequeno como lembrança. (esses selos vc manda fazer no Correio e tem valor postal de verdade, e são incríveis.)

No ano seguinte, o tema foi Carros, da Disney. Legaaaal, um tema que a gente podia comprar as peças prontas! E com um tanto de isopor, eu descobri que a decoração podia se espalhar de um outro jeito, não só nas paredes. E nesse ano eu cometi uma aventura, porque tinha que ter uma: fiz um exercício de imaginação: como seria o macacão de piloto do Relâmpago McQueen se ele fosse pilotado por uma pessoa? E costurei eu mesma uma roupa de McQueen pro pequeno.

No terceiro ano, o tema foi Trem. E os primeiros paper crafts fizeram sua aparição. Também foi o ano em que a gente descobriu o EVA. No quarto ano, foi Carros de novo. E além de reaproveitar as peças que a gente tinha, a gente fez novas, e criou todo um lance de uso dos espaços, de "cantos" para as crianças (e os adultos) explorarem/aproveitarem.

Com cinco anos, adivinha? Trens outra vez! Mas dessa vez, o foco eram os trens do Thomas e Seus Amigos, a primeira aventura de coleção do pequeno. E a gente descobriu as coisas que você encontra na internet e imprime para fazer a decoração...

Seis anos. Backyardigans. Eeeeeeeee, tema que você encontra pronto! Mas foi o ano da Grande Aventura dos Cupcakes. Porque o André pediu que queria: a) um bolo azul b)cupcakes com confeitos coloridos. E a louca aqui começou a fazer os bolos de aniversário do filho. O que é um negócio muito aventuroso, mesmo.

Sete anos. E o recém descoberto nerdizinho pediu um aniversário do Super Mário. Na verdade, do Super André. E a gente transformou a chácara dos meus avós em uma fase de Mário, com moedas e caixas suspensas no ar e um Mário em 8bits feito de cupcakes... enquanto o pequeno estava vestido como Super André, Porque o Mário usa, vermelho, o Luigi verde, e o André azul e eles tem aventuras juntos. E eu fiz o macacão de Super André, a boina e ainda transformei ele em sprite 8bits tbm... Imprimimos a pia da cozinha naquele ano, e a festa tinha elementos de 30 anos de games e algumas coisas que achei na internet e são tão legais que eu tenho vontade de deixar montadas o ano inteiro em cima da mesa.

Ano passado, o tema foi Minecraft. E todo aquele know-how de papercraft festeiro foi elevado over 8000... porque foi basicamente o festival de papercrafts. E um painel pintado, com um cenário do jogo. Ano passado ele chegou com um vídeo tutorial do bolo que ele queria. Já que queria um bolo difícil (um bloco de TNT e tinha que ser em glacê de manteiga, não pasta americana), ele teve a gentileza de pesquisar por conta própria como era o melhor jeito de construir o bolo. (Preciso dizer: esse bolo foi uma das coisas mais prova de superação da minha vida. foi aterrorizante porque no meio do caminho eu realmente achei que não ia dar conta e não existia um plano B. Mas como falhar não era uma opção válida... eu dei conta, rs.)

E como é tradicional repetir temas, ele decidiu por fim que queria mais um aniversário de Minecraft. Que vai ser o assunto de outro post uma hora dessas, e por isso eu paro por aqui...

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Dia da toalha



[Tecnicamente, estamos na segunda feira de manhã. Mas o sol não nasceu ainda, e eu não fui dormir ainda, então ainda é domingo, ainda é dia da toalha e ainda estou escrevendo no dia certo.

O fato de pessoas estarem saindo pro trabalho (eu acabei de ouvir o fretado que vem buscar meu vizinho pro trampo) não significa nada porque o turno é meu. ]
  
Eu não me lembro a idade exata. Mas minha mãe chegou em casa com o material de estudo de um curso que ela estava fazendo. Um curso fodão que motivou ela a ir estudar arte educação, e que de certa forma me influenciou nisso, mas naquele momento, o ponto é que eu li isso aqui pela primeira vez:





a toalha é um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar. Em parte devido a seu valor prático: você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as frias luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia marmórea de Santragino V, respirando os inebriantes vapores marítimos; você pode dormir debaixo dela sob as estrelas que brilham avermelhadas no mundo desértico de Kakrafoon; pode usá-la como vela para descer numa minijangada as águas lentas e pesadas do rio Moth; pode umedecê-la e utilizá-la para lutar em um combate corpo a corpo; enrolá-la em torno da cabeça para proteger-se de emanações tóxicas ou para evitar o olhar da Terrível Besta Voraz de Traal (um animal estonteantemente burro, que acha que, se você não pode vê-lo, ele também não pode ver você -estúpido feito uma anta, mas muito, muito voraz); você pode agitar a toalha em situações de emergência para pedir socorro; e naturalmente pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoavelmente limpa.
Porém o mais importante é o imenso valor psicológico da toalha. Por algum motivo, quando um estrito (isto é, um não-mochileiro) descobre que um mochileiro tem uma toalha, ele automaticamente conclui que ele tem também escova de dentes, esponja, sabonete, lata de biscoitos, garrafinha de aguardente, bússola, mapa, barbante, repelente, capa de chuva, traje espacial, etc, etc. Além disso, o estrito terá prazer em emprestar ao mochileiro qualquer um desses objetos, ou muitos outros, que o mochileiro por acaso tenha “acidentalmente perdido”. O que o estrito vai pensar é que, se um sujeito é capaz de rodar por toda a Galáxia, acampar, pedir carona, lutar contra terríveis obstáculos, dar a volta por cima e ainda assim saber onde está sua toalha, esse sujeito claramente merece respeito.

E foi assim que eu passei a andar com uma toalha na mochila o tempo todo. Porque nunca se sabe, né.


Eu não sei porque exatamente a minha tia avó achou que aquela toalha vermelho cereja deveria me pertencer. Mas foi uma combinação perfeita e por uns bons muitos anos ela passou a me fazer companhia, e provou que o Douglas Adams estava certo quando escreveu essa parte do livro. Na vida maluca que eu levei nos anos finais da minha adolescência, muitas vezes me senti em uma aventura escrita por um comediante anglo meio maluco, e a diacha da toalha resolveu todo tipo de perrengue. A pequena vermelha, e a grande, porque tem situações que exigem uma abordagem mais ampla, colorida pela imagem de um sol e uma lua, perdida em Paranapiacaba depois de um dos dias mais perfeitos que vivi.

Esse ano, quando fui procurar uma toalha para a tradicional foto anual, poft, a toalha que foi minha companheira de mochila por anos estava ali. Então teve um gostinho de nostalgia tirar essas fotos, porque é um pedaço da minha história como pessoa.

Acima de tudo, ler aquilo me mostrou uma forma que nunca tinha me passado pela mente de ficção científica. Uma que me fazia rir. Que trazia uma ironia e uma comédia que eu só tinha sentido até então em Monty Python. Imaginem a minha cara quando eu descobri que ele escrevia pro Flying Circus, me senti a pessoa mais esperta da Terra por perceber a relação das duas coisas... mas todo mundo é meio bestão quando adolescente. Acho que todo adolescente deveria ler O Guia do Mochileiro da Galáxia, porque é o tipo de livro que te coloca as minhocas certas na cabeça, e ao mesmo tempo é tão nonsense que te faz sentir aquela partícula de vida intensa que a gente precisa. É um dos livros que eu amo reler, e a cada vez encontro um novo livro dentro da mesma história.


Ler Douglas Adams foi importante para mim porque me faz lembrar que ainda existe espaço para a leveza; para o riso e para o sarro, e para falar de coisas importantes e difíceis de um jeito que não seja sacal. Que existem narrativas que tem a natureza de serem transmidiáticas. E que as vezes, aleatoriedade não é ruim.


um típico exemplar da espécie

O Dia da Toalha também é o Dia do Orgulho Nerd e eu tenho umas opiniões sobre o assunto. Mas sobre isso eu vou escrever outro dia. Porque eu preciso publicar isso aqui antes do sol nascer. =)



Feliz Dia da Toalha a todos, e não se esqueçam: 42!









segunda-feira, 12 de maio de 2014

Olha, eu tou no Bonus Stage!

Enquanto eu preparo a terceira festa com temática gamer pro meu filho e tento controlar a vontade de voltar pro Dragonfall que eu tou aguada para terminar, dou uma passadinha correndo aqui para dizer que eu fui citada em uma matéria como uma mãe gamer no Bonus Stage, clique aqui para ler.



"E para as mamães gamers, o estereótipo de jogos como um empecilho ou distração que dificulta a educação dos filhos está mais que ultrapassado. “A gente tem muito forte a coisa do gamification. Cai um dente, ele faz alguma coisa que antes não sabia, terminamos em tempo recorde uma obrigação da escola, e um olha pro outro e já fala ‘achievement unlocked‘: (insira aqui um achievement inventado na hora, como ‘Rei da Matemática, 10 exercícios em x minutos’). Eu uso conceitos de gamification na educação dele, porque funciona." 


Bateu um orgulhinho...


Agora de volta para a produção de creepers em massa!

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Shadowrun Returns

Eu nunca fiz a review de Shadowrun Returns que eu prometi que faria. Agora estou jogando a expansão, Dragonfall, e vou tomar vergonha e falar dos dois. Primeiro do Returns, e assim que terminar Dragonfall, dele também.




Em primeiro lugar eu preciso explicar que eu sou apaixonada pelo cenário de Shadowrun. RPG, livros, games, bonecos, Shadowrun é algo que eu tenho fascínio. E se tudo der certo, vamos ter uma postagem mais geral sobre porque eu gosto tanto, no dia 14 de junho.

De forma específica, Shadowrun é uma distopia futurista cyberpunk, com a adição de magia. Essa magia se manifesta de várias formas: temos magos e xamãs, e temos raças "metahumanas": elfos, orcs, anões, trolls. E Dragões, poderosos, inumanos e agora, empresários bilionários.

O conceito do universo de Shadowrun é de que o mundo passa por picos de energia mágica, e depois essa energia vai diminuindo, até ficar dormente, e então começa a subir de novo. E dessa vez, calhou de que essa subida se desse em um momento de alta tecnologia, capitalismo, grandes corporações, matriz (internet via imersão, como em Neuromancer). Nesse cenário, você é um shadowrunner: à margem da lei e da sociedade, fazendo o serviço sujo do universo para sobreviver. Shadowruns são como são chamados esses serviços que você presta para a sociedade respeitável. Você é um anti-herói, provavelmente, e um bandido mercenário, na consequência.

Shadowrun Returns foi financiado via crowd funding. Não cheguei a participar por falta de grana na época, mas acompanhei ansiosa o processo. A Harebrained Schemes, desenvolvedora do jogo, fez um trabalho de convencimento bonito de um retorno mesmo, de um jogo que era muito amado. E com certeza foi o jogo que eu fiquei mais doente para ver chegar na minha conta Steam.

E valeu cada segundo. É um game de rpg "a moda antiga". Me sinto lendo um daqueles livros-jogo onde cada uma das suas respostas te leva para diferentes resoluções. O sistema de combate por turno além de satisfazer minha mente rpgística, torna o jogo muito mais justo para a minha disgrafia, já que o resultado do combate depende de raciocínio e sorte, não habilidade manual.

A história é muito boa, coesa, os NPCs são cativantes. O desenvolvimento é muito textual: a maior parte das coisas são descritas, o que torna o jogo pouco dependente da imagem (exceto pelas resoluções de combate, que me falta total o conhecimento de como seria bom para quem não enxerga, acho que seria um jogo facilmente adaptável para ser inclusivo para deficientes visuais, e se você for deficiente auditivo, não vai ter problema nenhum em acompanhar, o som é completamente dispensável).

As citações a outros jogos ou personagens icônicos de Shadowrun são deliciosas para quem curte o cenário. O primeiro runner que você encontra é o personagem principal do jogo Shadowrun de SNES. E ainda melhor: ele está dormindo dentro de uma gaveta de necrotério, uma citação ao início do jogo clássico.

Durante o decorrer do jogo, outros personagens icônicos vão aparecer. Dodger e Harlequin em particular me fizeram ter um treco, depois outro treco, depois mais trecos ainda.


Exceto pelo fato do poder de fogo deles ter sido reduzido de forma sem sentido, o que é bem inconveniente. Se você vai me deixar ter na party um elfo do quarto mundo com milhares de anos de idade, ou um cara que é reconhecido como um dos melhores tecnautas(deckers) de Seattle e além, por favor, deixe o jogo ficar desequilibrado, mas mantenha o realismo disso. E o Dodger, além de estar com um ícone loiro (o cabelo dele é branco, aliás, o ícone foge total da descrição dele, a ausência do mohawk branco sendo só um detalhe disso - e da capa do Shadowrun original), não tem nenhuma fala: quando a principal marca do personagem é seu jeito de falar, isso é para lá de triste. (são meus dois personagenms preferidos no universo de SR inteiro, eu fiquei muito muito muito feliz de ter eles lá, mas nem tudo são flores). Pelo menos o Harlequin tem com certeza as falas mais fodas do jogo, merecidamente.

A movimentação do jogo dá muito a sensação de mapa de miniatura. Não só pelo movimento dos turnos em si, mas porque os prédios, os objetos e o desenho do chão tem a estrutura daqueles tiles bacanas que a gente usa quando quer fazer bonito na mesa de jogo.

O cenário não te deixa tão solto quanto eu gostaria. Nenhum problema com a linearidade, mas em alguns casos, não importava que opção você seguisse, as reações não mudavam, ou você podia voltar atrás e testar todas as formas de falar com alguém.



Forma geral, o jogo é muito empolgante. As possibilidades de construção do personagem são muito amplas, e suas habilidades mudam suas interações com o cenário. Você pode ser xamã, mago ou adepto, em uma linha mais mística, sendo o xamã o cara que lida com os espíritos, o mago quem usa magia arcana/hermética, e o adepto é o cara que usa magia para bater nos outros a lá street fighter, ou samurai urbano, decker e rigger, em um aspecto mais tecnológico. O samurai urbano é o homem de armas do cenário, o decker é quem se enfia na matriz, e rigger é a pessoinha com os drones. E não está satisfeito com esses arquétipos? Comece do zero e misture. Você pode ser humano, elfo, anão, orc ou troll. Ser menino ou menina não faz diferença além da visual. Seu personagem vai ganhando pontos de karma para gastar na evolução, e com o tempo você vai juntando dinheiro das shadowruns que faz e consegue ir juntando um equipamento legal.

Rigger é sempre minha escolha óbvia. Mas como era a primeira vez que ia jogar, usei o arquétipo inicial do samurai urbano e lá pelo meio do jogo virei xamã para testar as funcionalidades de magia.

A campanha gira em torno de Seattle, o cenário base de SR, em 2054 (confirmar data), quando você e chamado para vingar a morte de um antigo camarada - e receber uma grana por isso. As coisas não são tão simples assim, e entre seu envolvimento com outras missões para ganhar uns trocados e seu envolvimento com o submundo e as amizades que vai desenvolvendo (ou não), você se vê diante de um assassino serial. Um assassino serial que é o menor dos seus problemas, eu te garanto.

Eu recomendo muito o jogo, tanto para quem gosta de Shadowrun já, que vai se divertir extra com os acontecimentos, facções, políticagens e personagens citados (embora ele não respeite 100% o cânon em relação a esses personagens), quanto para quem quer entender o cenário a partir de zero conhecimentos. Sinceridade, eu recomendo muito para quem quer conhecer Shadowrun que jogue, porque vai ser um bom começo. Uma visita orientada, digamos.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Alinhamento? OK! Raça? Classe "Mai viu?"

Me surpreeendi com as classes. E em minha defesa, humano e elfo ficaram empatados, não sei o critério de desempate. Mas o teste é muito legal.


I Am A:
Chaotic Good Human Bard/Wizard (3rd/2nd Level)

Ability Scores:
Strength-10
Dexterity-12
Constitution-12
Intelligence-14
Wisdom-14
Charisma-17

Alignment:
Chaotic Good A chaotic good character acts as his conscience directs him with little regard for what others expect of him. He makes his own way, but he's kind and benevolent. He believes in goodness and right but has little use for laws and regulations. He hates it when people try to intimidate others and tell them what to do. He follows his own moral compass, which, although good, may not agree with that of society. Chaotic good is the best alignment you can be because it combines a good heart with a free spirit. However, chaotic good can be a dangerous alignment when it disrupts the order of society and punishes those who do well for themselves.

Race:
Humans are the most adaptable of the common races. Short generations and a penchant for migration and conquest have made them physically diverse as well. Humans are often unorthodox in their dress, sporting unusual hairstyles, fanciful clothes, tattoos, and the like.

Primary Class:
Bards often serve as negotiators, messengers, scouts, and spies. They love to accompany heroes (and villains) to witness heroic (or villainous) deeds firsthand, since a bard who can tell a story from personal experience earns renown among his fellows. A bard casts arcane spells without any advance preparation, much like a sorcerer. Bards also share some specialized skills with rogues, and their knowledge of item lore is nearly unmatched. A high Charisma score allows a bard to cast high-level spells.

Secondary Class:
Wizards are arcane spellcasters who depend on intensive study to create their magic. To wizards, magic is not a talent but a difficult, rewarding art. When they are prepared for battle, wizards can use their spells to devastating effect. When caught by surprise, they are vulnerable. The wizard's strength is her spells, everything else is secondary. She learns new spells as she experiments and grows in experience, and she can also learn them from other wizards. In addition, over time a wizard learns to manipulate her spells so they go farther, work better, or are improved in some other way. A wizard can call a familiar- a small, magical, animal companion that serves her. With a high Intelligence, wizards are capable of casting very high levels of spells.

Find out What Kind of Dungeons and Dragons Character Would You Be?, courtesy of Easydamus (e-mail)

quarta-feira, 12 de março de 2014

10 seriados marcantes na minha vida

Fui marcada em um meme no facebook de 10 melhores seriados. Demorou, mas aqui vai. Lembrando que amanhã a lista poderia ser completamente diferente...


Eu comecei a ver seriados quando era criança. Minha mãe sempre foi a nerd dos "enlatados americanos" (que eram na maioria canadenses, rs), e eu meio que acompanhava. Acho que o primeiro seriado que balançou minhas estruturas no sentido de entender o que era ser fã foi Arquivo X. Eu tinha nove anos e tampava os olhos nas cenas assustadoras.

Mas não vou incluir ele na lista pq eu realmente fiquei desapontada com os últimos anos da série... e porque hoje eu pensei nessa lista aqui ó:


1- O Homem da Máfia (Wiseguy)


Vinnie Terranova era um agente infiltrado, mas também era nosso mafioso preferido. O seriado tinha essa coisa nebulosa de até onde ia o disfarce e o envolvimento pessoal do Vinnie com a comunidade. E tinha o LoCocco. Que era mal, mas era bom, entende, e personagem do nosso arco favorito do seriado.Cada arco o Vinnie se infiltrava numa merda diferente e a gente acompanha todos os assassinatos, suicídios, tiroteios e traições. Até hoje a gente ainda fala desse seriado. E Dom Aiuppo era a estrela do nosso outro arco favorito: por favor, o padrasto do personagem principal era um chefe da Máfia, como a gente não ia gostar disso? A abertura do seriado era fantástica, aliás, e me lembro dela em detalhes até hoje.





2- Anjos da Lei (21 Jump Street)



Assumo. Eu era apaixonada por metade do elenco. Mas por incrível que pareça, não era Johnny Deep na pele do Tom Hanson o homem com eu queria me casar personagem preferido. Eu tinha um treco cada vez que o Dustin Nguyen, o Harry Ioki aparecia na tela. Não vou mentir e dizer que eu super me lembro do seriado. Lembro que tinha aquelas lições de moral que te dão mais vontade de usar drogas do que de fugir delas típicas dos anos 80, e era dramático. Eu adorava aquele drama todo, aquela angústia toda. Sabe, somos jovens, a vida é uma merda, drama-drama-drama. Mas além das paixonites, de me fazer curtir seriados policiais e ter uma trilha sonora que eu adorava, me motivou a escrever minha primeira fan-fiction, que ufa, não existe nem em sonho de registro. Mas foi importante no processo.

Ps- não me falem daquela blasfêmia de filme que em teoria teria algo a ver com o seriado.

3-Maldição Eterna (Forever Knight)

E foi assim que eu comecei a gostar de vampiros.

Pronto, fim acabou. Precisa de mais? Eu tenho até tatuagem motivada por esse amor todo por coisas de vampiros, o fato dele ter sido o primeiro seriado de vampiros que eu me tornei fã devia bastar né.

Ok, ok, talvez você estivesse em outra dimensão nos anos 90 e nunca tenha visto o policial vampiro cujo carro tinha um porta malas a prova de sol. 800 anos de assassinatos fizeram com que ele se cansasse, e virasse detetive investigando assassinatos. Ele não bebia sangue humano e lutava contra seus instintos vampíricos, mas isso era o legal: não era "sou um vampiro vegetariano" era "sou um monstro e a qualquer instante posso perder o controle e matar alguém". Especialmente, LaCroix, aquele lindo, ficava tentando levar o Nicholas de volta pra sua pós vida de assassinato e era um personagem que a gente adorava.

O final nunca passou no Brasil, aliás, pra que passar a série na ordem, né, veja bem.

4- A Bela e a Fera (Beauty and the Beast)

Um dos roteiristas era o George Martin. A maquiagem era incrível, os personagens cativantes e os roteiros muito bem escritos, os cenários ficaram na memória pra sempre. Eu gosto de um drama, e gosto de aventura, e gosto de fantasia. A ideia de uma vida subterrânea debaixo da cidade então, não tinha como não amar.


Quando vejo as  fotos do Vincent, vejo que o seriado envelheceu bem: a maquiagem ainda é grotesca e sedutora.


E, novamente, não me falem da pseudo refilmagem horrorosa.

5- A Gata e o Rato (Moonlighting)

Eu me lembro do Bruce Wyllis e me lembro que as roupas de todo mundo tinha ombreiras enormes.

Era pequena demais para realmente acompanhar a série, mas havia todo um zumzumzum na casa, de todo mundo parar o que estava fazendo para assistir A Gata e o Rato. Lembro que tinha armas, que os adultos riam de piadas que eu não entendia, e que era muuuuuuuuito legaaaaaaaaaal.

Podemos dizer que foi onde se plantaram as raízes pelo meu posterior gosto por séries.



___________

 Aqui a gente muda o rumo da prosa. Porque eu sou maníaca por ficção científica, space opera, drama espacial, qualquer-coisa-com-naves-ou-robôs-ou-aliens. Essas são as séries que eu assisto e reassisto e vejo de novo e que você vai achar referências por todo lado da minha casa, da minha vida, dos fandoms de que faço parte.


6-Star Trek

 Star Trek não é só a coleção de seriados e filmes mais incríveis da Terra. É uma visão de mundo, uma filosofia de vida. É acreditar que a gente pode fazer as coisas pelo bem comum, viver aventuras conhecendo outros mundos, e onde ser humano não é o padrão.

Tenho episódios e personagens preferidos em cada uma das séries. Tom Paris, em Voyager, e Bones, na série clássica, não podem deixar de ser citados. Picard não conta: ele é mais que um favorito, é uma referência geral.

Dá para dizer que Star Trek ocupa um lugar de destaque na minha vida, e não é só pelo delta de um metro de altura em cima da porta da minha casa, ou o Kirk dando uma bica no peito do Khan em cima da escrivaninha. É porque eu tenho uma dívida de vida com o Rodenberry por tudo que ele criou. Posso considerar que, junto com o Mark Hein Hagen, ele é meu santo casamenteiro.

Meu filho não se chamou Jean Luc por muito pouco.

E eu me mantenho uma purista: por favor, não me falem desses filmes novos horrorosos, sem pé nem cabeça.



 7-V

Vixe, política, alienígenas, reptilianos... como não amar V?

Série clássica, que todo mundo devia ver na vida.


8-Firefly

Eu não vou dizer nada. Eu só vou pedir para tod@s cantarem:


)

Eu poderia passar a noite aqui e não ia conseguir dizer tudo que tem de incrível nesse seriado.

9-Comando Espacial  (Space: Above and Beyond)

Essa tradução de nome miserável tornou um inferno para mim para explicar para as pessoas do que eu estava falando por uns anos. (nem sempre houve um google e uma wikipedia facilitando a vida, sabe).
Eu adorei cada episódio, cada personagem, cada nave. Eu fácil considero Space: Above and Beyond, por tosca que fosse, como uma série formadora para mim.

Sabe aquela coisa de representatividade? Eu estava olhando para a tela e vendo uma mulher piloto militar liderando tretas. Não dá para explicar a importância disso, mas eu queria ser a Capt. Shane Vansen.

Acho que um pedacinho de mim ainda está sentada naquele cockpit de Hammerhead, esperando a segunda temporada que nunca veio.

Plus: a caneca do USS Saratoga foi a primeira coisa de um seriado que eu desejei. Com uma vasta coleção de memorabilia, continuo sem ter nem uma pecinha de S:A&B e desejando aquela caneca. 

10-Battlestar Galactica

Uma palavra:

Cylons.

E eu preciso publicar isso porque já faz muito tempo que eu estou escrevendo,rs.

Mas é uma série que está na lista das que eu vi desde pequena e que formaram meu gosto por sci-fi.  É o tipo de coisa que eu comecei vendo com meu pai e terminei vendo enquanto cuidava do filho, sabe. Parte do pano de fundo da vida, está gostar de Galactica.

E bom, a série nova é quase legal. Exceto que porque o Boomer não é o Boomer, Starbuck não é Starbuck (e o menor problema foi a mudança de gênero) e outras atualizações imbecis, o Adama ainda é foda, e tem uns combates loucos. Mas não é a mesma coisa. Fico com a antiga.



E é isso. Um pouquinho dos seriados mais marcantes. Optei por não colocar o que tá rolando agora, porque esses eu ainda tenho que absorver. Daqui a dez anos te digo o quanto eles foram marcantes.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Rabiscos depois de terminar de ler a Trilogia do Sprawl

Poucas coisas me fazem desligar meu computador. Basicamente, só livros me fazem desligar isso aqui.

Entendam: não é a toa que eu gosto de literatura cyberpunk. Eu sou o tipo de pessoa que estaria na fila de voluntários para abrir um buraco no crânio e colocar um datajack se eles dissessem hoje que era uma possibilidade. Não sou um cowboy, um jóquei de console. Nunca vou ser mais que um usuário bem informado. Mas sou apaixonada pela coisa desde que sentei na frente daquele computador e uma poeta fantástica e com uma loucura sutil que poderia ter saído de um romance desses sorriu para mim e disse "Divirta-se".

Era 1996 e eu ganhei a internet. Em um ano onde tudo que importava foi roubado de mim e eu passei a me alimentar de vazio, eu escrevi em uma tela escura o que seria meu primeiro nickname e passei a habitar um universo. Então, é, eu não desligo meu computador a toa. Eu não fico longe da rede, eu não fico longe dos meus programas e não fico longe do som do cooler e da vibração sutil de uma máquina se eu puder evitar.

Mas livros. Cara, certos livros são o mais próximo possível que existe de se plugar na Matriz, hoje. Porque eles são ilusões sensoriais. São construtos, são alucinações consensuais. Só que são um ponto fixo no tempo. Um dia, nós vamos poder mergulhar em dados, mas por enquanto, o máximo que temos é um retrato pausado do que seria isso.

Fileiras de letras. A rede não é mais que isso, sabe, quando você olha de perto. Mas ao contrário da lógica de programação, os livros estão na linguagem que eu domino.

Li Neuromancer pela primeira vez muito tempo atrás. Não sei precisar ao certo, mas foi uma tarde quente e eu lembro de acabar com o maço de cigarros, acendendo um a cada vez que alguém acendia um no livro e muitos mais a cada momento de tensão.

Difícil explicar o fascínio que aquilo me trouxe, o arrepio frio que correu pela minha espinha e como eu sentei na janela olhando o cipreste se mover lento com o vento, fumando um último cigarro enquanto deixava a paixão que senti por Molly Millions evaporar no ar.

Hoje é noite e o ar está frio e parado, e a neblina me faz pensar na frase que abre Neuromancer. O cipreste está morto. Nenhum vento agita a pitangueira, mas meu olhar é tomado pelos fios, dezenas de fios, que correm no alto da rua, enchendo meu campo de visão.

Mais uma vez, deixo o fantasma de Molly evaporar no ar enquanto tento retomar contato com a realidade.

Ontem li Count Zero, e é provável que tenha sido um dos melhores livros que eu li na minha vida. Hoje, li Monalisa Overdrive e fechei a trilogia.

Difícil explicar porque demorei tanto tempo para ler os dois. Na real, eu tinha um medo cagado de que aquela feitiçaria que Neuromancer fez comigo fosse quebrada. Que os livros não fossem bons o bastante, sabe.

Ai os livros quase cairam em cima de mim e eu li os dois essa semana.

Deixa eu dizer uma coisa: a gente não deve ler livros como quem usa uma dose de drogas estimulantes. Mas é o que eu faço. Leio com uma voracidade obcessiva. Leio muito rápido e mergulho fundo, o que causa essa reação depois de um livro intenso.

Pior quando são assim, um depois do outro.

Ou seria melhor?


Eu poderia tentar fazer uma análise fria da obra do Gibson e de todos os motivos pelo qual eu gosto muito dela. Que envolvem shurikens, a criação de um universo profético, personagens femininas com um grau de complexidade admirável e loas.

Mas nesse momento, eu só fico desejando trodos nas minhas têmporas, para eu poder escrever mais rápido, desligada do ambiente em torno, os dedos dançando no teclado do console. Ops, é o que eu estou fazendo, não é? Escrevendo mais rápido do que posso pensar em editar, tentando capturar: uma sensação.

A sensação de ter lido algo que parece derreter seu cérebro e seus sentidos.

Não tenho trodos ou sinsense, mas faço o que posso com as ferramentas a mão.

Um livro.  Um maço de cigarros. Um isqueiro de metal vermelho, e a tela escura com letras em fósforo verde do meu editor de textos. (sim, eu sou dessas. meu editor de textos remete de todo modo possível ao meu velho e inigualável wordstar que eu rodava no DOS até o dia em que não consegui mais uma impressora que fosse compatível.)


 Fico imaginando se vou reler esses livros do mesmo jeito que fiz com Neuromancer, até ter as palavras gravadas na memória.

é.

Apago o cigarro no cinzeiro prateado, as bordas com pequenas bolhas de ferrugem. Copio o texto para jogar na plataforma do blog.

Apago as luzes da varanda, vendo o título dos livros nas capas escuras iluminadas pelo sódio das lâmpadas da rua.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Dia de promoção na Terramédia (Devir)

A gente abriu o Nerdaval jogando Shadowrun, na sexta a noite, e seguimos direto de manhã no Bloco Carnavalesco dos Zumbis da terra Média para irmos para o dia de promoções na Terramédia. 

Sabe que a Devir não tem como não ter uma relação de amor e ódio, né. Pouco de amor, muito de ódio.

Rolou uma nostalgia. Aquele lugar é parte da minha história. Ouvindo as pessoas falarem sobre as várias encarnações da loja, a gente ficou lá, o sábado inteiro dividindo lembranças.

Mas o ruim é que ficamos lá esperando por SEIS horas para poder passar no caixa com os livros que compramos. Eles tiveram que distribuir senhas porque só tinha um caixa, e eles como sempre demoravam um tempo gigantesco para cada atendimento. Os caras são muito enrolados. Muito.

Então eu esperava sair de lá pela uma da tarde e morrer de dormir até o sábado a noite, e fiquei lá das dez e meia até mais de cinco da tarde... *suspiros*

Comprei um bocado de coisas divertidas, mas quase nada do que eu tinha planejado.

O lado bom é que estou com Count Zero e Monalisa Overdrive, entre uma dúzia de coisas (incluindo presentinho para amigo e livros pro filho recém iniciado nas maravilhas do RPG, e isso tbm rende um outro post). E eu tenho um amor por Willian Gibson que não tem tamanho.

Comprei o Um Anel, para ver qual é a dele, e o kit do narrador de Jogo dos Tronos. (não vou mais poder fugir de mestrar esse). 

Pegamos dois suplementos de Star Wars que ainda faltavam, um Castle Falkenstein porque é Castle Falkenstein.

E o amor amor foi comprar o action figure jogável do Shadowrun Duels. Peguei o anão rigger, muito fofo, e o Ragabash pegou o street deacon.


Pois é. Fecha-se um ciclo. Vamos ver o que eles vão inventar depois dessa reforma... mas ainda fico com a imagem de uma Sarah Helena novinha de tudo subindo a escada e olhando o poster dos Vingadores, comprando suplemento de Vampiro e babando no Tarot Vertigo... em uma época onde comprar pela internet era uma realidade distante.

E meus primeiros trampos, né. A long time ago, in a galaxy far away... mas essa história eu conto outro dia.

Nerdaval

Tradição doméstica: aqui, Carnaval é Nerdaval. Só os perdidos jogando RPG, games, bebendo igual idiota e comendo besteira.

Porque reclamar do que os outros estão fazendo dos seus dias livres é fácil. Mas a gente preferiu ressignificar, e curtir do nosso jeito.

Então, estou aqui, nessa madrugada de terça feira gorda pra quarta de cinzas, tomando saqueirinha de morango e discutindo vlogs e podcasts, animações alternativas e até o Oscar.

E é bom. Muito bom.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Diário da Campus Party 03 - algumas anotações

 Algumas questões de estrutura:

-A internet não teve muitos problemas de instabilidade desde a tarde de terça. Como eu não estou baixando a pia da cozinha (a gente tem uma conexão boa em casa e no cotidiano baixamos muita coisa, então downloads não são exatamente uma preocupação nesse momento), não posso reclamar. Cada pessoa pode se cadastrar e pegar duas senhas para a internet wi-fi. No notebook ela funcionou muito bem e eu tenho aproveitado enquanto estou nas palestras, por exemplo. No celular me deu mais trabalho fazer ela funcionar.

- São paulo tem uma carência crônica de espaços de convenções adequados. Estamos no melhor que é possível, o Anhembi, mas o calor é intenso, pombos e insetos apareceram dentro do pavilhão (hoje não vi nenhum, acho que assustamos eles enfim), e o ruído dos exaustores é bem marcante. Se você não gosta de dormir com ruído branco, aconselho trazer protetores de ouvido.

-O espaço para as startups é bem legal, vale a pena ver o que as pessoas estão fazendo. Mas a parte da Open Campus ano passado era mais interessante, com muito mais variedade de coisas rolando.

-Achei que as cadeiras iam ser desconfortáveis depois de dias sentada nelas por horas, mas até agora tirando o ombro que eu zoei dormindo em má posição no sofá (e curei com spray de anti-inflamatório como se o mundo fosse acabar em aerosol), está bem confortável.

-O clima forma geral é muito amistoso, e fica uma sensação engraçada de "eu acho que conehço você", seja porque se viu em outros eventos ou simplesmente porque o código visual que definiria o normatizado aqui não é o mesmo lá de fora.

(Quase) Diário da Campus Party BR 02 - Um resumo de terça feira até aqui.

Então, quanta coisa. O beagle noticiário vai durar pelo menos uma semana a mais do que a duração da Campus, porque para falar de cada palestra que eu assisti, mais sobre tudo que vi/fiz/conversei, vai precisar de muita postagem.

Primeiro, uma das coisas é que eu estou falando com muita gente. É incrível como você conhece pessoas, conversa, se anima com projetos, discute possibilidades filosóficas. De colegas professores da arte de outros Estados a gente que frequentava o mesmo fórum gótico lá nos anos 90 (e as mesmas baladas), até as ricas conversas com os palestrantes no fim das discussões.

Eu decidi falar das palestras em posts específicos, assim também posso complementar com mais informações, e fazer um resumo geral das coisas até aqui com relação ao ambiente da CP.

A cada dia, as pessoas ficam acordadas até mais tarde em maiores quantidades aqui na Arena. De gente jogando ping pong ou praticando lançamentos de futebol americano aos que se agrupam para tocar violão e cantar pela madrugada, os gamers em suas máquinas, outros com consoles (Just Dance é uma das preferências de um bocado de gente aqui)o pessoal trabalhando com produção de conteúdo ou programando, cada noite a ação na arena vai ficando mais intensa e até mais tarde.

Hoje, 2:25 da manhã, a arena está tão animada agora quanto estava às 8 da noite. E mais barulhenta porque está rolando música em um dos palcos e o pessoal está lá dançando.

Ao meu lado, o pessoal dos casemods está mexendo nas máquinas. É um pessoal muito acessível (os que eu conversei), e muito dispostos a ajudar. Eu gostaria de ano que vem estar com o meu casemod aqui, pronto e funcional. Quero uma máquina steampunk, com referências da Máquina Babbage e homenageando Lady Ada Lovelace.

Uma das coisas que me apaixonam neste espaço é ver a quantidade de pessoas produzindo. Nos últimos minutos, dando uma volta, encontrei pessoas testando drones modificados, criando efeitos visuais em cubos formados por leds, podcasts e videocasts sendo gravados.

Agora está um pouco difícil de escrever muito, porque o cansaço é intenso. Dormir é o que tenho menos feito, e o excesso de informação cansa um tanto.

Estou muito contente de estar aqui, e o mundo do dia a dia vai ser meio desértico nas próximas semanas até eu voltar a me acostumar.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Diário da Campus Party BR 01 - Primeiro dia, primeira noite

Resumo do primeiro dia, escrito agora, à meia noite e meia, enquanto espero a internet da bancada voltar. Parece que pela arena inteira estão rolando instabilidades na rede, mas só agora chegou aqui.

Estou na área dos games, perto dos case mods.

A segunda feira é o dia da chegada. Os palcos ainda não tem nenhuma programação, e a Open Campus ainda estava em processo de montagem. Mas durante todo o dia as pessoas foram chegando e ocupando espaço nas bancadas da arena. E você vai descobrindo que precisa testar os cabos de rede porque nem todos funcionam direito, relembra que são previstas 8 mil pessoas e que nem todo mundo é a Dorothy, conversa com gente de metade do país enquanto sai para fumar um cigarro, bebe café feito doido porque a 3 Corações está distribuindo, e começa a se adaptar ao ambiente.

(O técnico veio aqui consertar a rede. Gente finíssima, explicou que estão com problemas para configurar a rede e que eles, que cuidam do hardware, estão ficando quase doidos com isso. Mas não posso reclamar, aqui na minha bancada ele cosneguiu rapidinho resolver, mas parece que tem mesas que estão o dia inteiro caindo por conta disso)

Por enquanto, o que dizer? As pessoas estão chegando e se ajeitando, e o ruído de fundo é um murmúrio de conversas constante, que depois de um tempo você interpreta como se fosse silêncio, rs. As pessoas pelo menos aqui onde estou estão animadas e a noite está gostosa.

Algumas bancadas já são facilmente identificadas pelas bandeiras e banners que o pessoal foi colocando. Alguns dos case mods são verdadeiras esculturas. Existe um clima de camaradagem, de ajuda mútua, mesmo entre desconhecidos, o que é muito legal.

Entre as coisas que valem a anotação do dia de hoje:

-fizeram um grupo no whatsapp para fumantes, para o pessoal que não está com amigos que fumam não precisar fumar sozinho. É bonitíssimo, a nicotina unindo as pessoas, rs.

-não existe fronteira entre virtual e físico. Estou conectada ao grupo no facebook, ao twitter, instagram, e com isso me mantenho informada do que está a minha volta. Ao mesmo tempo que, daqui de onde estou na bancada, acompanho o pessoal assistindo Sharknado, vejo o filme de rabo de olho e como pipoca, dou risada do que postam no twitter e presto mais atenção no que está rolando lá. As coisas acontecem nos dois mundos de forma simultânea, do jeitinho que eu quero explicar na dissertação.

-tem muitas, muitas mulheres na arena, mas aquele machismo subliminar da nossa sociedade, como sempre, se faz presente. Mas somos muitas, o que já me deixa feliz. Inclusive, vamos ter um encontro das feministas nerds, se houver mais alguma perdida por ai…


-surreal, mas o clima de camping selvagem se completa com a presença de muitos pernilongos.

Bom, como a internet voltou e estão chamando para um cigarro, eu fico por aqui. Amanhã tem mais beagle noticiário.

__________________________

Sobre a madrugada:

Até as três, quatro, a coisa ainda tinha mais movimento. Ai o cansaço da chegada parece ter batido e tudo ficou muito silencioso. Dormi no sofá, esqueci minha blusa e passei um pouco de frio, mas numa boa.

A internet ainda está bem instável, mas agora consegui fazer funcionar o wifi feliz no notebook e as coisas estão funcionando. Daqui uma hora começa a primeira oficina que pretendo participar. Mais tarde volto para contar.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Diário da Campus Party BR 00- Porque estou aqui?

Eu quero tentar o mestrado esse ano. Tentei ano passado, mas soube 15 dias antes de fechar a entrega do pré projeto e da data da prova. Fiz correndo para testar e bom, tenho uns meses para me preparar agora para a próxima inscrição. E eu quero falar de cultura digital, e de como eu enxergo os processos criativos da cultura digital.

Cultura é um negócio vivo. Uma coisa que as vezes você consegue ver acontecer. Foi assim quando comecei a jogar RPG e quando encontrei os fandoms. Olhei aquilo e putz, é isso, estamos criando cultura, essas pessoas estão criando cultura (e eu quero fazer parte disso). Todos somos agentes criativos imersos em processos de produção cultural. Já não dá mais para pensar em "mundo real" quando falamos de mundo físico. Porque o virtual é muito real, e físico e virtual são duas coisas que se misturam. (estou procurando uma palavra melhor do que virtual tbm)

Por isso eu decidi pesquisar a produção cultural dentro de um espaço onde essa fisicalidade do virtual é a regra. A arena da Campus Party Brasil. Este é meu primeiro ano como campuseira, passando a semana toda no evento. Por três anos eu vim no sábado e passei um dia aqui dentro, e me apaixonei pelo que vi.

Ano passado, em 45 minutos de observação, registrei quase uma centena de manifestações estéticas. Pessoas que, conscientes disso ou não, estavam produzindo experiências visuais. Sim, porque o jeito como você demarca seu espaço ou manifesta sua identidade também são expressões culturais.

Então eu vim aqui ver palestras e me divertir, mas também estou para observar as pessoas, as possibilidades, tentar entender os processos. Atenta para a produção criativa que a gente respira nesse espaço.

Mas eu não penso pesquisa daquele jeito, pesquisador de um lado, pesquisado do outro. Eu trabalho com o conceito de que estamos todos nessa e pensamos a coisa toda juntos.

Então eu também estou aqui, com meus chapéus engraçados, minha oncinha de pelúcia, e post its - porque o recado adesivo é amigo da arte de guerrilha.

Eu quero conversar com as pessoas. Quero saber como elas entendem o processo. Qual o significado que cada um de nós atribui para sua estadia aqui? Aquilo que a gente cria, a gente tem noção do tamanho?

Hoje, estou chegando. Sentei aqui, abri o notebook, e tou dando uma olhada aleatória na vida. A programação abre esta noite. Dez e meia da manhã eu já tenho anotada uma oficina que quero participar. As pessoas estão chegando, se ajeitando, ocupando o espaço.

De certo modo, é ver uma Zona Autônoma Temporária tomando sua forma.


sábado, 25 de janeiro de 2014

Meme - 10 livros que me marcaram

Eu fui taggeada pela Helena, a Lórien, a Sílvia e a Paty no Facebook para fazer esse meme. Mas eu tenho o firme objetivo de postar coisas que valem a pena nos blogs, e não lá no livrocara que no fim das contas devora tudo e tchau tchau, nunca mais você encontra o que escreveu. Então, aqui vai.

"A brincadeira consiste em fazer uma lista com os 10 livros (ficção ou não-ficção) que tenham me marcado. A ideia não é gastar muito tempo, nem pensar muito. Não precisam ser grandes obras, apenas que tenham sido importantes pra mim."

Em primeiro lugar eu preciso dizer que escolher dez livros só é uma tremenda escolha de Sofia.

Eu tenho uma relação com a leitura de um viciado em drogas. Eu preciso ler, e não tenho escrúpulo ou medida. Eu leio o que cair na minha mão, seja bom, ruim ou mérdio. Eu preciso manter o olho em movimento pelas páginas e nem de longe faço isso da forma assim, mais saudável. Sou do tipo que fica sem dormir para terminar de ler, que deixa de lado obrigações porque "faltam só mais 15 páginas".

Mas ok, vou parar de enrolar e escrever minha lista. Não é em ordem de importância e esses nem são "os que me marcaram mais", só livros que marcaram de algum modo, e que hoje eu me lembrei. Amanhã a lista poderia ser diferente.

1-O Ouro de Manoa, Jeronymo Monteiro
Ler esse livro me botou numa trilha de que nunca mais sai. Li incontáveis vezes. De repente eu descobri o tipo de literatura que queria ter pra sempre perto de mim.

2-O Despertar dos Mágicos,  Louis Pauwels e Jacques Bergier
Como explicar? Ler esse livro explodiu minha cabeça e de brinde me apresentou Borges. Descobri o realismo fantástico e descobri que a realidade é fantástica... 

3-O Apanhador no Campo de Centeio, J. D. Salinger
 Li adolescente. Odiei. Ficando repassando as cenas na minha mente, obcessivamente. Não cometi nenhum assassinato, mas li na época certa em que se deve ler e tive aquele efeito de ter um diapazão vibrando na alma, de afinar meu eu e o mundo.

4-Neuromancer, Willian Gibson
Ah cara, o que dizer. Essa coisa povoa meus sonhos e meus pesadelos, do dia em que eu li até hoje.

5-O senhor dos Anéis, Professor J. R. R. Tolkien
O mundo se divide em dois: as pessoas que já leram Senhor dos Anéis, e as pessoas que não leram Senhor dos Anéis. (e sim, reli umas dezenas de vezes)

6- Série Harry Potter, J. K. Rowlings
Fica difícil explicar o que significa esperar o lançamento de um livro como quem espera uma nova temporada de um seriado que ama muito, ou o próximo capítulo de uma novela. Mais do que os livros em si, o que me marcou foi estar irmanada naquela sensação de ansiedade, de espera, de pegar o livro no dia do lançamento e devorar as páginas. Chorei feio no último livro, desde a primeira página, por saber que era o fim e nunca mais sentiria igual.

7-Crônicas do Mundo Emerso, Licia Troisi
De repente, além de ter uma protagonista mulher, guerreira e um personagem de suporte masculino, eu percebi algo fantástico: eu não precisava ser o Professor para escrever. Eu não precisava escrever de forma perfeita e plena de beatitude. Eu posso só contar uma história. E desde então, escrevi com muito mais coragem e desprendimento.

8-Sidarta, Herman Hesse
Li Sidarta em um grupo de estudo de literatura. Mas o mais marcante é que meu filho, então recém nascido, precisava da minha atenção então eu li o livro inteiro em voz alta para ele. Foi o primeiro livro que li para para o Arauto do Caos, e ter sido Herman Hesse foi muito especial.

9-Histórias Fantásticas, Bioy Casares
 Eu amava Borges, e até então, Bioy era pra mim "o amigo do Borges". Então eu li seus contos e minha mente explodiu em pedacinhos e eu descobri que consigo amar Bioy ainda mais do que eu amava Borges (e isso é muito, mesmo). Aquela sensação de "ai caralha, eu quero ser esse cara quando eu crescer".

10-Trilogia Segredos do Poder (Shadowrun), Robert N. Charrette

Me abriu pro mundo dos livros feitos a partir de cenários de RPG e seriados, que hoje são umas dezenas de livros em papel jornal e capa mole na minha estante, de Arquivo X a Star Trek, passando por Star Wars e Dragonlance, e me fez ficar irremediavelmente apaixonada por Shadowrun (que considero o cenário de RPG mais incrivelmente incrível da existência). Personagens cativantes, cenário apresentado de um jeito que não te sobrecarrega, zona de moralidade cinzenta, e uma aventura que é ao mesmo tempo boba e épica.

Óbvio que já tenho aqui na minha mente mais umas duas dúzias de livros marcantes. Que, bons ou ruins, são importantes para minha história. Mas a gente fica com esses dez hoje, e quem sabe outro dia eu coloco outros. 
 


Eu deveria marcar 10 pessoas, mas vou deixar livre aqui para quem quiser pegar e fazer... nos blogs, nos facebooks, nos twitters, onde for.

Red Dead Redemption

Eu fiquei alguns dias sem acesso ao computador. Poderia fazer toda uma fábula moral aqui sobre como é bonito ver o mundo lá fora e aproveitar a vida sem acesso a internet. Ou posso não mentir e assumir que sentei na frente do PS3 e usei a pilha de jogos que estavam esperando eu sentar e jogar para passar o tempo.

Na verdade, terminei passando meu tempo todo com um único jogo. Red Dead Redemption. Dizer que Red Dead é GTA no velho oeste não é justo. Sim, ele usa a engine do GTA. Mas em primeiro lugar, você pode ser um dos "caras bons" (em um padrão bang bang de cara bom). O jogo não favorece muito se você escolher como caminho não ter honra: as pessoas atiram em você na rua, se você fizer o tipo de coisa que seria usual em GTA.

Eu diria que Red Dead é quase um jogo de horror. Boa parte das missões são tétricas. Algumas cenas são de arrepiar a nuca. Foi feita uma pesquisa muito boa sobre a época do jogo, mas foi uma pesquisa que se referenciou nos aspectos mais sombrios. Com canibais escondidos nas montanhas, altas taxas de suicídio, assassinatos cruéis, gente maluca cometendo crimes, ladrões de túmulos e corrupção.

Nunca espere o melhor: sempre espere que as coisas vão piorar. Sério. Tou até agora esperando a "redemption" do título. (sim, eu leio spoilers, sim, eu já vi outra pessoa jogando, não isso não tira a graça porque o jogo é MUITO rico em detalhes).  

Acho bacana o mundo aberto, as side quests e missões aleatórias, e como você pode decidir que hoje vai brincar de ser caçador ou gastar horas caçando bandidos, e fazer devagarzinho as missões que jogam a história para frente. Ficar distraído com cenários, os pequenos mistérios e o cuidado que eles tiveram em desenhar mesmo coisas que não tem conexão nenhuma com a história e que só estão lá para enriquecer o visual.

E o personagem principal é muito cativante. Merecia livro, sabe. Dá para jogar como quem assiste um filme ou lê um livro, ficando fascinado por personagens e pela história.

Teria algumas críticas aqui e ali, mas forma geral, não estou afim. Os pontos positivos superam.

E é isso. Agora vou sair da frente do pc e voltar para o jogo...




segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Numenera - Primeiras impressões - criação de personagem

Sábado testamos o Numenera. O jogo foi produzido a partir de um quick starter que aconteceu em 2012 (infelizmente antes de eu aprender a brincar desse negócio), e lançado em Agosto do ano passado. Nesse quickstarter, o lindo do Monte Cook, autor do jogo e velho conhecido que quem curte RPG de mesa, pediu 20 mil obamas para produzir o sistema e as pessoas acharam tudo tão legal que ele conseguiu 517 mil e uns quebrados.

O cenário é science fantasy, e tem como premissa a terceira lei de Arthur C. Clarke:

"Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia."

 Então, em Numenera, nós estamos um bilhão de anos no futuro, no que chamam de Nono Mundo - já que oito civilizações - aeons- eras - mundos já aconteceram antes. (não preciso dizer que como fanática por Shadowrun esse título de Nono Mundo já me cativou na hora, mesmo que não haja relação).

No momento do jogo, o nível tecnológico é medieval. Mas os restos das civilizações anteriores estão por todos os lados: ferramentas avançadas, sistemas de comunicação, transporte, defesas e armas. Mas também monstruosidades geneticamente modificadas, radiação, criaturas alienígenas, nuvens de nano robôs destrutivos...


Esses restos tecnológicos são os numeneras que dão nome ao jogo. E eles se dividem entre: 

Cyphers - pedacinhos úteis de tecnologia

Artifacts- Ferramentas e armas completas e funcionais
Oddities - Coisas curiosas que não tem lá muita utilidade
Discoveries - Construções e estruturas antigas


Então imagine um cenário medieval onde a magia na verdade é tecnológica, e muitos efeitos fantásticos são produzidos por mecanismos de todo tipo. Onde entre as florestas e montanhas cheias de árvores um obelisco voador ou uma máquina do tamanho de uma cidade pode estar esperando. 



Mas o que eu achei simplesmente fantástico foi a criação de personagem. Os puristas que querem regras extremamente detalhadas talvez surtem, mas para mim que gosta da ideia de sistemas que valorizam um tom meio cinematográfico/cartunesco, é uma lindeza só. 






Você faz sua ficha em dez minutos.

A base do seu personagem é uma frase. Isso mesmo, uma frase.

"I am a __________ __________ who _________s."

Eu sou um_______________ _______________ que _________________."
O primeiro espaço na frase é um adjetivo que você escolhe em uma lista, e é seu descritor (descriptor).

O segundo espaço na frase é um substantivo, que é seu tipo (type), o equivalente a classe de personagem.
Existem só 3 types, mas te garanto que você não precisa de mais. A pontuação inicial dos atributos é definida pelo seu type.

O terceiro espaço é o "verbo" (na verdade minha capacidade de análise morfológica não está funcional nessa hora da madrugada, mas tem um nome para isso, que é uma oraçãozinha na verdade), que é seu focus.
Você também escolhe seu focus de uma lista.

Você distribui 6 pontos de atributos (também são só três atributos).

Cada uma dessas três coisas te dá as características do personagem, habilidades que ele tem, skills. Depois disso, regras adicionais se você quiser ser um mutante ou alienígena podem dar um extra. Pode escolher um defeito para ter mais uns pontinhos.

E pronto, acabou. Personagem pronto.


a ficha de personagem é muito linda... e relativamente prática


Esses três types, que óbvio a gente fica se referendo como classe porque pra que usar a nomenclatura certa do cenário né, são Glaive, que é um guerreiro - especialista em combate, Nano, que é o mago, o cara que usa numenera para fazer esoteries, que são efeitos quasi-mágicos, e Jack, que vem de jack-of-all-trades, o faz tudo, nem tão manjador de usar os numenera quanto um nano, nem tão pronto pro combate quanto um glaive, mas sempre sacando de tudo um pouco.



E o grande lance é que quando você combina isso com os descriptors e os focus, você tem uma variedade possível de personagens quase imbatível.


Achei alguns focus meio desbalançados: alguns te dão vantagens muito visíveis quando comparados com outros, mas nada que não te deixe ainda cheio de possibilidades para escolher.De ser um lobisomem até ser um líder carismático ou ter habilidades com máquinas.

Outra coisa que achei interessante é que seu focus também te dá uma conexão com outro jogador. Cada focus exige que você escolha um outro personagem jogador para ser essa conexão, que vai ter um efeito na dinâmica do grupo. Pode ser algo interpretativo ou pode mexer na mecânica do sistema.


Os pontos de dano também tem uma estrutura bem diferente. Lembra que tem três atributos?

São Might, Speed e Intelect. Você tem um edge e um pool para cada um. Seu edge é o valor total do atributo, como você usa ele para testar coisas. E quando você toma dano,é no pool do atributo adequado que esse dano vai. Siiiiiim, seus pontos de vida são seus atributos.


Você também pode voluntariamente tomar dano para:
 fazer um effort um esforço heróico que te dá uma vantagem na rolagem de dados,
ou para ativar uma habilidade.


Claro que eu poderia falar mais algumas horas sobre a dinâmica do jogo - que tem umas coisas muito legais e uns pontos que valem uma discussão. Então, esperem mais postagens falando de outras características desse RPG - como o fato de que os jogadores fazem as rolagens todas, e o mestre não faz rolagens - exceto por eventuais rolagens opcionais, só precisa se concentrar em contar a história.Afinal, isso está ficando longo e são seis da manhã - e eu preciso dormir alguma hora.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Campus Party Brasil 7 - contagem regressiva

Difícil não ficar ansiosa com a única viagem que vou fazer em janeiro. Embora tecnicamente esteja só indo até a cidade vizinha, a CP é um evento de imersão: as pessoas acampam por uma semana lá. Então é uma viagem. Tem palestras fantásticas sobre temas variados de tecnologia e cultura digital. Tem um monte de encontros e acontecimentos extra oficiais. Pense em um evento nerd com quase 8000 pessoas com seus computadores e suas ideias e você tem uma noção do que é o lugar.

Eu acho um pouco complicado explicar minha empolgação. Nas últimas três Campus, eu fui pra lá e passei um dia no evento. Não cheguei nem a levar minha máquina, usei a de um amigo que estava lá. E assisti todas as palestras que pude fazer caber em um dia. E fotografei uma exorbitância de coisas.

E foi assim que decidi que meu mestrado tem que falar sobre isso. Sobre a arena da cpbr e sobre as coisas que acontecem ali em temros de criação artística cultural.

Não passei (ainda) no mestrado. Talvez por ter me inscrito no último dia e feito a prova duas semanas depois sem nenhum preparo para isso =P.  Mas esse ano quero ter um material mais coeso para apresentar. O que inclui tudo que eu puder anotar e fotografar e registrar esse ano na minha ida para lá. Quero escrever um artigo sobre isso, quero expor o que eu acho fantástico dali: pessoas criando cultura, in loco, em um lugar onde as fronteiras do que é o mundo virtual e o mundo físico são muito mais borradas.

As vezes, a gente esquece que aqui, o mundo virtual, também é parte do mundo real. É no mundo físico que produzimos os conteúdos que formam a rede. São pessoas que estão atrás de seus cyberdecks computadores criando essa coisa toda. Que do layout pré programado que eu usei para fazer esse blog até o programa mais obscuro, mulheres e homens digitaram e digitalizaram tudo isso.

Cybercultura é um negócio lindo, porque é a nossa forma de expressão e também pode ser nossa forma de transcendência cotidiana.

Então, lá vou eu no dia 27 para a CPBR e esperem uma acumulação de coisas sendo postadas por aqui.

É um pouquinho assustador. Não consegui camping então vou na cara e na coragem. Não sei muito bem o que eu deveria levar. Tudo que eu tenho são tentativas de encontros e uma lista bem grande de palestras que quero ver.

Mas é muito bonito ver as coisas acontecerem. É muito bonito estar ali, fazendo coisas acontecerem.