segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Diário da Campus Party BR 00- Porque estou aqui?

Eu quero tentar o mestrado esse ano. Tentei ano passado, mas soube 15 dias antes de fechar a entrega do pré projeto e da data da prova. Fiz correndo para testar e bom, tenho uns meses para me preparar agora para a próxima inscrição. E eu quero falar de cultura digital, e de como eu enxergo os processos criativos da cultura digital.

Cultura é um negócio vivo. Uma coisa que as vezes você consegue ver acontecer. Foi assim quando comecei a jogar RPG e quando encontrei os fandoms. Olhei aquilo e putz, é isso, estamos criando cultura, essas pessoas estão criando cultura (e eu quero fazer parte disso). Todos somos agentes criativos imersos em processos de produção cultural. Já não dá mais para pensar em "mundo real" quando falamos de mundo físico. Porque o virtual é muito real, e físico e virtual são duas coisas que se misturam. (estou procurando uma palavra melhor do que virtual tbm)

Por isso eu decidi pesquisar a produção cultural dentro de um espaço onde essa fisicalidade do virtual é a regra. A arena da Campus Party Brasil. Este é meu primeiro ano como campuseira, passando a semana toda no evento. Por três anos eu vim no sábado e passei um dia aqui dentro, e me apaixonei pelo que vi.

Ano passado, em 45 minutos de observação, registrei quase uma centena de manifestações estéticas. Pessoas que, conscientes disso ou não, estavam produzindo experiências visuais. Sim, porque o jeito como você demarca seu espaço ou manifesta sua identidade também são expressões culturais.

Então eu vim aqui ver palestras e me divertir, mas também estou para observar as pessoas, as possibilidades, tentar entender os processos. Atenta para a produção criativa que a gente respira nesse espaço.

Mas eu não penso pesquisa daquele jeito, pesquisador de um lado, pesquisado do outro. Eu trabalho com o conceito de que estamos todos nessa e pensamos a coisa toda juntos.

Então eu também estou aqui, com meus chapéus engraçados, minha oncinha de pelúcia, e post its - porque o recado adesivo é amigo da arte de guerrilha.

Eu quero conversar com as pessoas. Quero saber como elas entendem o processo. Qual o significado que cada um de nós atribui para sua estadia aqui? Aquilo que a gente cria, a gente tem noção do tamanho?

Hoje, estou chegando. Sentei aqui, abri o notebook, e tou dando uma olhada aleatória na vida. A programação abre esta noite. Dez e meia da manhã eu já tenho anotada uma oficina que quero participar. As pessoas estão chegando, se ajeitando, ocupando o espaço.

De certo modo, é ver uma Zona Autônoma Temporária tomando sua forma.


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