quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Rogue One - Mais Wars, Menos Star - Sem Spoilers

Ontem a noite fui ver Rogue One - Uma história de Star Wars. A premissa do filme é simples, e muito bem executada. Entrou fácil na minha lista de filmes preferidos da vida.

Aliás, antes de falar sobre o filme, bothans. Bothans morreram para trazer as informações sobre a SEGUNDA Estrela da Morte. Então, não reclamem "cadê os bothans" porque eles ainda vão morrer... para OUTRA teimosia do império, não essa. 

Não foi um filme fácil. Eu, que choro mesmo no cinema, sem vergonha nenhuma disso, atravessei de "acho que vou chorar" para "estado de choque" tantas vezes que nem sei. É um filme sombrio. Muito adequado para o momento político que o mundo vive, para ser sincera.

É um filme sobre esperança. Não a baboseira melosa que normalmente os filmes empurram sobre esperança, com flores e coelhinhos. Mas o tipo de esperança que a gente aprende no Abismo de Helm, com Guthwine e Anduril brilhando na escuridão, espadas como chamas brancas em um noite de desespero, esperando um amanhecer que muitos daqueles soldados não verão chegar, para salvar os reinos dos homens. Rogue One são duas horas de Abismo de Helm - o do livro, não o do filme.

Não é um filme fácil. A gente já tinha visto esse tom, essa temática, em diversos episódios das animações (porque Clone Wars é o tipo de coisa que as vezes você questiona "tem certeza que o público alvo é criança?"). Onde o tema da guerra é exposto de forma um pouco mais intensa e os subtextos e questionamentos tem mais espaço. Mas nas telas, até agora estávamos vendo uma violência codificada de conto de fadas. A violência seguia um código onde o bem vence o mal e a justiça impera, onde o mal é punido e o bem premiado.

Agora estamos falando de uma rebelião que se inicia. O momento em que a Aliança vira Rebelião. Em um espaço onde justiça impera e o bem vence o mal, não existe necessidade de rebelião. O código aqui é outro. É mítico, sim, mas outro tipo. Estamos em um mito de descida, estamos mergulhando no reino de quem deve ir para os infernos e retornar de lá... mas sobre isso eu só vou escrever depois, em uma análise com spoilers.

O tema do filme é sacrifício. Saw Gerrera e Galen Erso são um extremo disso, e Cassian Andor e Jyn Erso são o outro. Mas todo o filme, cada personagem, seja da Rebelião ou do Império, se vê diante desse tema em algum momento, tem sua ação guiada e construída por esse conceito. Não existe um frame desse filme que não fale de sacrifício. O ofício sagrado, o colocar uma causa diante de suas necessidades pessoais.

Ao mesmo tempo, é bom ver um pouco mais do Império por dentro. Lembrar quem assiste de que o Império não se vê como vilão. Pelo contrário. Todo mundo dentro do Império tem certeza de que faz o mais correto... talvez tenham mais certeza disso do que os próprios rebeldes.

É um filme duro. As paisagens são lindas e as cenas tem riqueza, mas tudo contribui para essa sensação de estarmos vendo aspectos do universo de Star Wars que o cinema nunca se preocupou em mostrar. Toda beleza é um contraste para a aridez que alimenta a trama. Para longe das fábulas de cavalaria, e dentro dos filmes de guerra do Vietnã...

Embora Star Wars sempre esteja repleto de referências à Segunda Guerra Mundial, a batalha da praia não é uma Normandia (é, eu sei que um monte de lugares comparou assim, mas, não).

Isso é Apocalypse Now.

Até a cor do filme me remeteu a Apocalypse Now.


Esse é um filme de guerra. Empolgante, fascinante e que vai te fazer sair do cinema cheio de questões. Tem cenas de combates espaciais incríveis que vão deixar quem vê eletrizado, e personagens que vão encher seu coraçãozinho de FEELZ.

Acho que por enquanto é isso. Hoje a noite vou ver o filme de novo... dessa vez vou levar uma caixa de lenços de papel.